A CONSTRUÇÃO
25’ | 2015 | Portugal | Documentário
Nos anos 50, Portugal é um país esquecido, imerso numa ditadura fascista, maioritariamente agrária e pobre, isolado da Europa. O pós-guerra inaugura uma fase de industrialização do país, mas primeiro é preciso garantir a produção de energia. Na parte onde o rio Douro é a fronteira natural entre Portugal e Espanha, serão construídas três grandes centrais hidroeléctricas, a primeira e maior é a barragem de Picote, cerca de 5.000 pessoas farão parte do processo de construção, que para além da central de produção contempla todo um cidade, planeada de raiz, projectada por um grupo de jovens arquitectos recém-formados, que a encaram como uma oportunidade única para concretizar os seus ideais arquitectónicos. Esta utopia modernista vai ter lugar no Planalto Mirandês, um enclave cultural e natural, que naquela época vivia quase na Idade Média, Portugal era um país esquecido na Europa, o Planalto Mirandês era e continua a ser uma região esquecida dentro de Portugal, que passaria do feudalismo à eletrificação em poucos anos.
60 anos depois, o complexo arquitetónico está completamente inútil e obsoleto, apesar da barragem continuar a produzir energia, não é mais necessário mão-de-obra para fazê-la funcionar. Das 5.000 pessoas que aí viveram, hoje restam pouco mais de 30. O complexo serve apenas como uma curiosidade arquitetónica, e os que aí vivem passam os seus dias em rotinas simples assombrados pelas memórias do passado. Através da leitura do livro “ O lodo e as estrelas”, um retrato poético da miséria humana vivida pelos trabalhadores da barragem, escrito por Telmo Ferraz, o capelão dos operários, descobrimos o duro preço do progresso tecnológico.















